Pelo que pudemos sentir em duas semanas de rodagem pelas ruas e estradas de São Paulo, o pequeno Kadett causou sensação. Ninguém ficava indiferente à sua passagem. Mesmo sem a campanha publicitária no ar ou na televisão, o Kadett era reconhecido por todos e muitas pessoas já falavam com desenvoltura do novo projeto da GM.
Para a empresa, a introdução do novo carro se reveste da maior importância mercadológica e completa seu leque de opções ao mercado, com veículos em todos os segmentos. Basta, agora, em alguns anos, substituir o velho Opala por uma linha moderna - como a do Senator, por exemplo -, e a GM terá no Brasil todas as condições para brigar de uma vez por todas por um velho sonho: a liderança nas vendas.
Outro aspecto que merece destaque no lançamento do Kadett é que ele permite uma variada gama de versões - uma família completa. O GS, por exemplo, não é nenhuma adaptação, não é uma evolução de motorização enfeitada com aerofólio e faróis de milha. Ele já nasce um esportivo. Já nasce brabo com seu motor dois litros e recursos tecnológicos dos mais avançados. Agora é só esperar pelo próximo ano quando ganhará a injeção eletrônica de combustível e teremos entre nós um verdadeiro puro-sangue. Além disso, ele também terá sua versão conversível no futuro com o que a GM pretende desbancar a posição privilegiada ocupada pelo XR-3, da Ford.
Mas agora o assunto é o Kadett. Nos nossos contatos com pessoas comuns pudemos avaliar a polêmica e o impacto que causam suas linhas extremamente aerodinâmicas. Os mais jovens, acham o carro um tesão - revolucionário. Os mais afoitos e não muito chegados ao automóvel o classificam de forma diferente: "olha que barato de Chevette" ; "esse é o novo Monza?" "Legal esse Monza pequeno", e assim por diante. Alguns mais velhos são radicais. Um japonês velhinho se aproximou e começou a examinar rapidamente o Kadett, numa parada para reabastecimento. Ele conhecia o projeto e ficou entusiasmado de poder vê-lo de perto. Mas foi logo dizendo: "não gostei; não gostei. Essa traseira é que atrapalha. Esse estilo já era. E outra - esse afunilamento da traseira deixa o carro muito feio". Ele sacou, sem saber, a forma de "gota" do Kadett e a achou estranha. Mal sabia ele que ali estava todo o segredo da incrível aerodinâmica do carro, resultado de muito estudo, de muita pesquisa, na busca da forma ideal para se vencer o ar com o menor atrito possível e assim permitir maior conforto, velocidade e economia de combustível.
No primeiro contacto o impacto visual é grande. Além do "design" em forma de cunha, da plataforma em formato de gota e da inexistência de saliências, o Kadett incorpora outros avanços tecnológicos bem visíveis: spoiler dianteiro integrado ao pára-choque, entrada de ar de refrigeração no pára-choque, maior vedação das junções, colunas arredondadas, espelhos retrovisores externos integrados, vidros nivelados com as colunas etc.
Outros importantes detalhes aerodinâmicos aparecem no modelo GS, o "top de linha", a versão esportiva do Kadett, equipado com o motor 2.0 do Monza. No capô duas saídas de ar dão um toque todo especial à dianteira. Nas laterais do teto há quatro locais apropriados para a colocação das garras de um bagageiro, fechadas por uma tampa plástica corrediça. Como o carro não dispõe de canaletas sobre as portas, essa foi a solução encontrada para a fixação daquele equipamento, sem comprometer a passagem do ar sobre o teto. Vamos falar mais do GS, pois esse foi o modelo avaliado por Autoesporte, nesse nosso primeiro contato com a linha Kadett.
Vidros fechados, cintos apertados. Ele começa a rodar. A primeira sensação é que todos os ruídos comuns ficaram para o lado de fora. Dentro, o conforto dos bancos Recaro e o suave som do ronco do motor 2.0 a álcool, único combustível disponível para a versão esportiva do Kadett. Logo se nota o esforço da GM em torno da aerodinâmica do automóvel. A leveza como desenvolve sua velocidade, a manobrabilidade perfeita, o pouco efeito de ventos laterais sobre o seu comportamento e o mais importante - o fácil e completo domínio do carro a altas velocidades. Aqueles efeitos que se notam em outros veículos, principalmente uma certa desestabilização acima dos 150 km/h, com tendências a trepidações inconvenientes e indesejáveis, não acontecem com o Kadett.
A velocidade máxima atingida de 184 km/h de velocímetro, cujo erro de 6% registra uma máxima real de 173 km/h, foi obtida com toda a segurança, em 5ª marcha. Ele se mantém firme em todas as passagens de aceleração no escalonamento das marchas, que aumentam o prazer de dirigir por permitirem a sensação de motor cheio em todas elas. A máxima do Kadett GS só perde para a do Gol GTi e iguala a do Opala Diplomata 4.100 (6 cilindros).
Quanto à aceleração de O a 100 km/h, ele também faz bonito: 10,6 segundos. Só perde, entre os carros nacionais, para o GTi, da Volkswagen. Com injeção eletrônica, com certeza, será o carro mais rápido do Brasil. As retomadas de velocidade em quinta marcha também registram marcas muitos boas: de 40 a 80 km/h em 9s; de 60 a 100 km/h ele consome 10,13s e dos 60 a 120 km/h gasta 16 segundos.
Na hora da segurança, no entanto, quando surge a necessidade de uma ultrapassagem mais rápida, é que se descobre a força da terceira marcha. No trânsito urbano ela é suficiente até para se ultrapassar as constantes lombadas das ruas, quando o carro quase chega a parar e cresce em aceleração até os 120 km/h. Uma delícia que economiza movimentos do motorista e dá a certeza da correspondência do motor à aceleração.